Entrevista a Parlamentar argentina Julia Perié

Agência PARLASUL (APS): Passaram mais de 24 anos desde a criação do MERCOSUL, que avaliação a senhora faz dele?

Julia Perié (JP): 24 anos se passaram daquele 26 de março de 1991 onde em Assunção, Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai, assinaram a criação do MERCOSUL. Dessa assinatura se destacam cosas muito interessantes, um dos principais objetivos era o livre comércio e o livre transito. Em todo este tempo passaram-se diferentes governos, crises econômicas e políticas de cada membro do MERCOSUL que em determinados momentos não permitiram que o mesmo pudesse avançar politicamente. O conceito de Pátria Grande estava muito longe de ser possível. A chegada de Inácio Lula da Silva à presidência da irmã República do Brasil e a de Néstor Kirchner à presidência de nosso país lhe deu um novo impulso ao MERCOSUL e começaram a se mobilizar todos os mecanismos que até então eram somente formais, somando-lhe a isto, a nova relação com o Presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que até esse momento lutava em solitário contra os países mais poderosos, e inclusive o não à ALCA foi talvez um dos principais pontos que permitiram a unidade dos países. Dezembro de 2005, foi talvez o momento político mais importante com a assinatura da criação do Parlamento, isto é fundamental já que lhe dar um marco político formal e de reunião permanente entre legisladores dos países membros lhe dá um funcionamento quase pleno ao organismo, que até esse momento não encontrava a forma de integrar as políticas dos Estados. A incorporação como membros plenos, primeiro da Venezuela, e agora da Bolívia, lhe dará a este o marco que precisa para ser talvez o Bloque Económico e Político mais importante, e que tem sabido superar e continuará a fazê-lo, a diferencia do Bloco Europeu, as crises que possam chegar a surgir, porque prima como principal objetivo o bem-estar dos cidadãos que o compõem e não somente as economias próprias de cada país.

APS: Quais considera que são os principais logros e desafios do MERCOSUL?

JP: Nestes 24 anos, a meu entender, o principal logro, que não é menor, foi o crescimento da quantidade de membros que compõem o Organismo, a criação do PARLASUL que é um logro fundamental para realizar as políticas que facilitem o bem-estar de seus cidadãos e permita à plena integração dos membros. Outro logro fundamental, é a unidade político-institucional de seus membros o que lhe dá ao bloco uma fortaleza frente aos novos desafios.
Mas ainda existem questões pendentes, como poder lograr um livre transito efetivo entre os países e poder avançar com o Banco do Sul, um banco que se planeja utilizar como uma alternativa financeira ao Fundo Monetário Internacional. Defender as democracias nos países que compõem o MERCOSUL e velar pelos DDHH é um dos seus maiores desafios.

APS: E nesse contexto, como visualiza o Parlamento do MERCOSUL?

JP: Como a principal ferramenta político-institucional de trabalho para estes objetivos e para aprofundar a relação entre seus membros. Aqueles que sejamos eleitos Parlamentares temos o objetivo principal de nos converter em enlaces permanentes entre nosso país e os demais membros, mas também pensar no futuro do organismo para que, a diferença dos demais blocos regionais, o nosso seja de integração total e não de criação de países de elite que controlem todo o bloco. No que a mim respeita, ademais, tenho a obrigação de trabalhar o dobro, já que minha província, Misiones, está no coração do MERCOSUL e sua implementação real e efetiva significará que os habitantes possamos ter um sustento político e que signifique a consolidação das relações com nossos irmãos Brasileiros e Paraguaios e com os demais integrantes do Bloco. O Parlamento será quem abra as portas aos novos tempos que se vão se viver em toda a América. O desfio é grande, porém, estamos prontos.

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