Venezuela: Continuam Mesas de Diálogo entre o governo e a oposição

Frente aos acontecimentos de violência na Venezuela, foi constituída no último mês de abril a Comissão de Diálogo entre o oficialismo venezuelano e a oposição, representada pelos Diretivos da Mesa de Unidade Democrática (MUD), com a intervenção dos chanceleres do Brasil, Colômbia, Equador, em representação da UNASUL, e o Núncio Apostólico, em representação da Igreja Católica, como observador de boa fé. Também há no diálogo, membros dos setores sociais e econômicos do país.

Até o momento se realizaram várias reuniões nas que têm se obtido alguns avanços em temas de agenda e a conformação da equipe de enlace e seguimento. Por um lado, o governo instalou uma mesa de caráter econômico e está por se instalar uma sobre o tema da insegurança, “onde se discuta a alta taxa de criminalidade que vive o país.”

“Embora seja verdade, não temos obtido elementos concretos em forma imediata, temos avançado de forma significativa e isto têm nos permitido ter uma agenda para conseguir esses resultados, o próprio Presidente Maduro observou que não haviam elementos concretos nas primeiras reuniões e que era necessário abordar para ter elementos que nos permitissem avançar em forma satisfatória na obtenção de propostas, para isso decidimos nos reunir com uma maior periodicidade, duas ou três vezes por semana”, expressou o parlamentar Edgard Zambrano, do Partido Ação Democrática.

Por sua parte, o Governo Bolivariano manifesta que o diálogo está dando resultados, “temos esperanças que este processo resulte em um fortalecimento da democracia na Venezuela e que possamos limpar definitivamente os ventos de violência que tem soprado sobre nossa sociedade por fatores externos que estão interessados em gerar turbulências sociais, no intervencionismo e ameaçar nossas instituições democráticas”, assinalou Saúl Ortega, Deputado do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV).

Deste mesmo modo, o parlamentar opositor, Edgard Zambrano declarou que o diálogo deve prevalecer sobre a violência, e pela qual ele acrescentou que a oposição está “consciente que a saída deve ser pacífica, cívica, democrática e constitucional, e para que isso aconteça, estamos fazendo esforços inclusive às custas de setores da oposição que não acreditam no diálogo como mecanismo para desativar a crise”. Também explicou que espera possa se apresentar na mesa uma lei que dê maior viabilidade à desativação da crise e, sobretudo, à polarização e confrontação da sociedade venezuelana.

Em termos gerais, tanto para a oposição como para o governo, a instalação da Mesa de Diálogo tem sido importante, ao permitir o reconhecimento das partes e a busca de uma saída para a violência no país, logo de quase dois meses de atos violentos e protestos.

Comissão da Verdade e Lei de Anistia

A Comissão da Verdade têm como objetivo investigar os acontecimentos de violência ocorridos no país desde o dia 23 de janeiro deste ano até a presente data. “Estamos esperando a resposta por parte do governo no que se refere à ampliação desta comissão”, expressou Zambrano, parlamentar opositor. A oposição designou ao Deputado Roberto Enríquez, da Assembleia Nacional, que representa o Partido Copei e a Delza Solórzano do Parlamento Latino-americano, que representa à organização Um Novo Tempo; do PSUV foram designados os Parlamentares Elvis Amoroso e Robert Serra, para fazer o seguimento à proposta da Comissão da Verdade. No que respeita à Lei de Anistia e tudo aquilo relacionado com prisioneiros e exilados, pela oposição estão designados Edgard Zambrano da AD e Andrés Velázquez da Causa R, encarregados de revisar os casos dos venezuelanos vinculados a atividades políticas com procedimentos judiciais abertos. Espera-se pela designação dos representantes do Executivo. Ao mesmo tempo, a Mesa está revendo situações de prisioneiros e exilados, como é o caso de Iván Simonovis, no qual se designou uma junta médica.

PARLASUL/ma-as