Durante a sabatina, Ruy Carlos Pereira, que poderá assumir a representação brasileira em Caracas quando o plenário do Senado ratificar a indicação da comissão, defendeu a permanência da Venezuela no Mercosul.
“A Venezuela no Mercosul estende e estica o Mercosul até o Caribe e faz com que o bloco seja 80% do PIB [Produto Interno Bruto] da América do Sul, 72% do território, 70% da população, 58% do investimento estrangeiro direto, 65% do comércio exterior da região. O Mercosul passa a ter quase 20% das reservas legais provadas de petróleo, sem contar o nosso pré-sal”, destacou.
Com a economia venezuelana, o PIB do bloco passou a chegar a US$ 3,3 trilhões e a população, 270 milhões de pessoas. A adesão da Venezuela ao Mercosul foi promulgada em dezembro do ano passado.
Uma série de exigências foram negociadas para que o país, presidido atualmente por Nicolás Maduro, fosse integrado de forma plena ao bloco. O diplomata ainda lembrou que a integração plena da Venezuela vai representar oportunidades para as regiões mais carentes do Brasil.
“O Mercosul desloca para o Norte, com a entrada da Venezuela, o epicentro geográfico do Mercosul. Isso agrega interesses e possibilidade de negócios e oportunidades aos estados do Norte e Nordeste do Brasil”, completou.
Pereira citou diversas áreas em que Brasil e Venezuela mantêm relações e disse que os dois países têm a integração regional como mandato constitucional. “Está na nossa Constituição, e a política externa brasileira não pode deixar de brigar pela integração regional e está na Constituição venezuelana”, lembrou.
Para o diplomata, a intensificação das relações bilaterais reflete o fortalecimento da integração regional do bloco. Segundo ele, sua atuação na representação brasileira em Caracas será centrada em três pontos estratégicos, entre eles, o aspecto cultural.
“Temos uma tradição de longa data, que vamos superando pouco a pouco, de desconhecer nossos vizinhos, e eles a nós. Outro ponto é a admissão indígena no processo de integração”, disse, lembrando as origens da população de países como o Brasil, Paraguai, a Venezuela e a Bolívia.
Fonte: Agência Brasil