CEFIR realizou nova edição da Cátedra Argentina: Crise econômica internacional e MERCOSUL em debate

No marco do seu ciclo 2013 da Cátedra Argentina, o Centro de Formação para a Integração Regional realizou nesta terça-feira (20), na sua sede em Montevidéu – Uruguai, a Conferência “Conjuntura econômica internacional e seus impactos no MERCOSUL”.

As exposições estiveram a cargo dos economistas Arturo O’Connel, da Argentina, e Alberto Couriel, do Uruguai.

Arturo O’Connel é, atualmente, assessor da Presidência do Banco Central da República Argentina, enquanto que Alberto Couriel é Senador da República Oriental do Uruguai pelo Frente Amplio e Parlamentar do MERCOSUL.

No começo da sua intervenção Arturo O’Connel expressou claramente que as suas opiniões na Conferência eram a título estritamente pessoal.

O expositor argentino remarcou que a idéia central da sua intervenção está baseada em que “o mundo está sofrendo” e é uma “reestrutura financeira, estatal e social da crise”.

O’Connel explica que “a crise é gerada por e entre privados. Por exemplo, a crise nos EUA foi e é uma crise entre privados, bancos privados e devedores privados, claro que nesses casos, os mesmos privados que defendem a economia de mercado, demandam o resgate e a intervenção do Estado”.

Em outra parte da sua intervenção, expressou que o Keynesianismo sempre esteve presente e aplicado por grandes potências (a benefício próprio), e proibido na prática para os países periféricos condicionando-os a falida “economia de mercado” que eles mesmos não aplicam.

O “neoliberalismo segue persistindo e se renovando uma e outra vez”, mas sempre com a mesma receita que levam às crises.

Ao final da sua intervenção Arturo O’Connel indicava que o setor financeiro privado “segue insistindo e incentivando a economia de mercado, para eles traduzida em maior quantidade de empréstimos, maior consumo e endividamento com os privados, sem praticamente nenhuma intervenção do Estado. Isso sim, quando estouram as crises querem que os Estados se encarreguem das dívidas e os indenizem, exemplo disso é a União Europeia, o – resgate – que dizem que foi para a Grécia, não foi para o Estado grego senão para que este pague as dívidas aos bancos privados alemães e franceses”.

Em definitiva, nos manifestava O’Connel que os poderes públicos dos Estados devem regularizar melhor os setores financeiros e as economias de mercado.

Por sua parte, o senador e parlamentar do MERCOSUL Alberto Couriel começava a sua intervenção coincidindo em linhas gerais com Arturo O’Connel e indicava que a “característica primordial hoje do capitalismo, é que este é um capitalismo financeiro”.

“As instituições financeiras são as grandes responsáveis das crises nas potências centrais e de seus efeitos nos países periféricos”, dizia o parlamentar uruguaio.

Alberto Couriel expressava que “o caso da União Europeia é muito claro, o Banco Central Europeu realizava empréstimos com uma taxa de juros de 1% aos bancos privados europeus, principalmente alemães e franceses, e estes realizavam empréstimos com uma taxa de juros de 7% a Grécia, exigindo ademais, a aplicação da fórmula tipicamente neoliberal salvadora, ajustes fiscais brutais que repercutem nefastamente na classe trabalhadora e na eliminação das políticas públicas, das políticas sociais, em definitiva, no desmantelamento do “Estado do bem-estar”, aprofundando ainda mais a crise grega e europeia”.

Couriel manifestou que “o mundo tem por um lado aos EUA como potência financeira predominante, mas compete a nível comercial com a China”.

Segundo Couriel, o que se está configurando é um mundo de blocos e para negociar com eles, já sejam acordos comerciais até TLCs (Tratados de Livre Comércio), tem que ser feito com unidade, como MERCOSUL, já que ganhamos em poder de negociação frente às grandes potências.

“Os TLCs não são bons nem maus, depende como se negocie, mas sempre como bloco”, sentenciou o legislador uruguaio.

A respeito das condições para estes acordos, Couriel destacou: “Nas atuais circunstâncias, onde as potências como os EUA, UE, pretendem negociar praticamente TLCs com capítulos fechados e mantendo práticas que não coincidem com o chamado livre comércio, como os subsídios, é pouco viável que se produza acordos”.

Finalizou expressando que “o MERCOSUL deve avançar definitivamente em sua consolidação como União Aduaneira, complementação produtiva e em cadeias de valor. Temos umas das regiões mais ricas do mundo em recursos naturais, somos um mercado tentador para as potências do mundo, temos que cuidar e potenciar este mercado”.

 

Crédito imagen CEFIR