Durante audiência pública realizada pela Representação Brasileira no Parlamento do MERCOSUL (Parlasul) nesta terça-feira (19), membros do Congresso Nacional da Argentina participaram de debate com parlamentares brasileiros e o Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior (MDIC) para troca de informações sobre os impasses comerciais entre Brasil e Argentina. A audiência foi presidida pelo senador Roberto Requião, que garante o acompanhamento do Parlasul neste tema.
Participaram das exposições a senadora Laura Gisela Montero (presidente da Comissão de Economia Nacional e Investimentos do Senado Argentino) e o deputado Guillermo Ramon Carmona (presidente da Comissão de Relações Exteriores e Culto na Câmara dos Deputados Argentina); o embaixador Ruy Carlos Pereira (Delegado Permanente do Brasil junto à ALADI e o Mercosul) e o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães (Alto Representante Geral do MERCOSUL). Representando o MDIC, esteve presente Alessandro Teixeira (secretário-executivo).
O embaixador Samuel Pinheiro Guimarães iniciou o debate apresentando a necessidade de que os Congressos Nacionais dos Estados Partes do bloco assumam a tarefa de fortalecer a união aduaneira. “Trata-se de tarefa importante para os legisladores fazer progredir os interesses do MERCOSUL”, diz o Alto Representante do MERCOSUL.
Uma plataforma produtiva conjunta foi defendida pelo embaixador Ruy Pereira, que mostrou ser maior a relação de intercâmbio comercial do Brasil com os países do MERCOSUL, em relação ao resto do mundo. “A América do Sul, sobretudo o MERCOSUL, e principalmente a Argentina são o mercado preferido do Brasil”.
De acordo com os dados do MDIC, o Brasil será este ano o terceiro maior investidor direto na Argentina. O secretário executivo Alessandro Teixeira informou que foram investidos pelo Brasil mais de US$6 bi na economia Argentina. “Não existe desenvolvimento industrial brasileiro sem integração com a Argentina”, diz o secretário. Para o representante do MDIC, “a solução é o fortalecimento do MERCOSUL”.
A senadora Laura Montero expôs a importância da relação entre ambos os países e lembra da necessidade de promover o intercâmbio político, social e cultural. Ela defende a integração dos sistemas produtivos, o planejamento de uma matriz energética pensada, entre outros aspectos, como solução para vencer as assimetrias que promovem as medidas protecionistas.
Para o deputado Guillermo Carmona, a Argentina reconhece o valor da relação comercial com o Brasil e, no seu ponto de vista, é preciso avançar em políticas para as práticas produtivas industriais argentinas, e trabalhar em conjunto com o MERCOSUL. “Deveríamos trabalhar para que o MERCOSUL, como bloco, agarre o mercado mundial”, conclui.
A região Sul do Brasil
A Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC) mostra descontentamento com o ritmo das negociações. Uma pesquisa feita pela instituição em 21 setores industriais mostra que 58% preveem queda nas exportações para a Argentina e 30% acredita que essa queda será superior a 50%. Para o presidente Glauco José Côrtes, “o maior peso do ajuste comercial das medidas tomadas pela Argentina está caindo sobre os sócios do MERCOSUL”. Segundo o presidente da FIESC, entre março e abril de 2011 o Estado de Santa Catarina exportou R$ 55 milhões para a Argentina. Em relação ao mesmo período de 2012, houve queda para R$ 38 milhões.
Parlamentares representantes dos Estados da Região Sul do Brasil participaram das discussões e trouxeram os problemas enfrentados pela indústria local desde que a Argentina iniciou a política do bloqueio ao produto brasileiro. Eles cobram o cumprimento dos acordos firmados pela Argentina.
A senadora Ana Amélia e os senadores Paulo Paim, Luiz Henrique, Pedro Simon, em conjunto com os deputados Dr. Rosinha e Osmar Terra concordam que o Parlasul deve ser o espaço para desenvolver o tema das relações comerciais entre parceiros de bloco. Está prevista para 2 de julho a realização de uma reunião na sede do Parlamento Regional, em Montevidéu- Uruguai.
“Posso garantir que o Parlasul vai acompanhar a situação de perto”, afirma o senador Requião, presidente da Representação Brasileira no Parlasul.
Fonte: Representação Brasileira no Parlamento do MERCOSUL