PARLASUL impulsiona assinatura do Acordo MERCOSUL UE na EuroLat em Bruxelas

Agência PARLASUL (02/12/2025). O Parlamento do MERCOSUL (PARLASUL) concluiu, nesta quarta-feira, as reuniões no âmbito da Assembleia Parlamentar Euro-Latino-Americana (EuroLat), realizadas de 1º a 3 de dezembro na sede do Parlamento Europeu, em Bruxelas.

O Parlamentar uruguaio Daniel Caggiani, Co-presidente pelo Componente Latino-Americano, destacou que um dos principais temas debatidos foi o Acordo MERCOSUL–UE, que qualificou como “um dos marcos mais relevantes da história recente da integração birregional”. Ressaltou que o acordo oferece uma arquitetura institucional que articula cooperação política, desenvolvimento sustentável e abertura econômica, juntamente com uma folha de rota em áreas como transição energética, ação climática e comércio sustentável. Na mesma linha, Caggiani ressaltou o valor geopolítico do acordo para ambos os blocos e advertiu que a credibilidade birregional depende do respeito ao que foi pactuado, enfatizando que “o acordado é o acordado, e juntos podemos demonstrar que a palavra dada se traduz em fatos concretos”.

Durante a terça-feira (02), o PARLASUL participou das reuniões das comissões permanentes da EuroLat. Na Comissão de Assuntos Econômicos, Celso Russomanno destacou a necessidade de avançar no acordo MERCOSUL–União Europeia e propôs integrar a proteção dos consumidores na era digital: “O mundo muda e devemos atualizar nossas leis para frear os crimes cibernéticos e garantir segurança aos nossos cidadãos diante das Big Tech”. Na mesma Comissão, Pastor Eurico afirmou que “o acordo biregional representa uma oportunidade histórica (...) esperamos que todas as partes trabalhem para que essa integração se concretize em benefício de nossos povos”.

Na Comissão de Assuntos Políticos, Derlis Maidana sublinhou a importância da cooperação entre ambos os blocos: “O crescimento econômico ajuda a reduzir a migração forçada, mas para enfrentar o crime organizado transnacional também são necessárias políticas contra a pobreza e um intercâmbio permanente de informações”. Já Maximiliano Campo, em sua primeira participação na EuroLat, alertou para os desafios associados à inteligência artificial: “Devemos proteger a vontade popular diante de ferramentas que podem manipular dados, influenciar o voto ou facilitar a infiltração do crime organizado na política”.

Nicolás Viera chamou a evitar diagnósticos que estigmatizem países da região e defendeu uma abordagem cooperativa: “Os problemas de segurança e direitos humanos são globais. Se queremos construir soluções comuns, a integração deve partir do respeito e não de visões enviesadas”.

A Co-presidenta da Comissão de Desenvolvimento Sustentável, Marina Femenía (Argentina), destacou o trabalho em curso sobre energias limpas e propôs incorporar o debate sobre o sargaço e seus impactos nos ecossistemas marinhos da América Latina e da Europa, sublinhando que esses temas serão centrais na agenda ambiental, científica e tecnológica da comissão. Da mesma forma, o parlamentar Mariano Fernández (Argentina) apresentou um informe sobre a COP30 e lembrou que seus avanços só se concretizarão se as declarações se transformarem em políticas e benefícios reais para as sociedades de ambas as regiões.

O Presidente do Encontro da EuroLat com a Sociedade Civil, Celso Russomanno, destacou a importância de ouvir as organizações civis para compreender a realidade daqueles que mais necessitam, especialmente na Amazônia. Ao lembrar que cerca de 150 mil famílias ribeirinhas vivem em extrema vulnerabilidade, afirmou que “se queremos preservar a Amazônia, primeiro devemos cuidar dos ribeirinhos, que vivem esquecidos e sem alternativas. A proteção ambiental começa pelas pessoas”, propondo ainda maior fiscalização social sobre os recursos destinados à região.

Finalmente, os Parlamentares Derlis Maidana (Paraguai) e Maximiliano Campo (Uruguai) participaram do Grupo de Trabalho sobre Segurança, Terrorismo, Ameaças Híbridas e Crime Organizado, que debateu temas-chave como o narcotráfico, o crime organizado transnacional e a cooperação UE–ALC em segurança espacial para a proteção de bens estratégicos diante de novas ameaças.

A delegação do PARLASUL foi integrada pelos Vice-Presidentes Rodrigo Gamarra (Paraguai) e Nicolás Viera (Uruguai), juntamente com os Parlamentares Mariano Fernández e Marina Femenía (Argentina); Celso Russomanno e Pastor Eurico (Brasil); Derlis Maidana (Paraguai); e Maximiliano Campo (Uruguai).

Declaração do Componente Latino-Americano

Ao final da jornada, o Componente Latino-Americano da EuroLat emitiu uma Declaração na qual reafirmou seu compromisso com a integração regional e a diplomacia parlamentar, destacando a necessidade de fortalecer os mecanismos de coordenação entre os Parlamentos Latino-Americanos. Do mesmo modo, sublinhou avanços rumo a uma agenda estratégica comum em democracia, direitos humanos, desenvolvimento sustentável e transição energética, além de reiterar o compromisso da América Latina e do Caribe como Zona de Paz e a importância de preservar o patrimônio astronômico regional.

A Declaração também valorizou a realização da IV Cúpula CELAC–UE e a consolidação de uma folha de rota biregional, solicitando maior participação para as Co-presidências da EuroLat em futuros encontros. Ademais, reiterou o pedido de eliminação do visto Schengen para cidadãos equatorianos, apoiou iniciativas de cooperação acadêmica e destacou o papel central da diplomacia parlamentar no fortalecimento da Associação Estratégica Birregional entre ambas as regiões.