Parlamentares do MERCOSUL e da União Europeia debatem em Estrasburgo sobre democracia, desenvolvimento e acordo comercial

Agência PARLASUL (17/06/2025). Em missão oficial a Estrasburgo, a Delegação do Parlamento do MERCOSUL (PARLASUL) cumpriu, nesta terça-feira, uma agenda intensa de compromissos no Parlamento Europeu. As atividades concentraram-se na consolidação do diálogo interparlamentar e no processo de ratificação do Acordo de Associação MERCOSUL–União Europeia.

A delegação do PARLASUL foi composta pelo Presidente Arlindo Chinaglia (Brasil), o Vice-Presidente pelo Uruguai Nicolás Viera, as Parlamentares argentinas Cecilia Nicolini, Lilia Puig e Fabiana Martín, o Parlamentar argentino Franco Metaza, os Parlamentares brasileiros Nelsinho Trad e Beto Richa, o Parlamentar paraguaio Derlis Maidana e os Parlamentares uruguaios Daniel Caggiani e Gerardo Sotelo.

A programação iniciou-se com uma reunião bilateral com o Vice-Presidente do Parlamento Europeu responsável pelas relações com a América Latina, Esteban González Pons. O encontro, de caráter reservado, abordou o papel estratégico da diplomacia parlamentar, a urgência de fortalecer os vínculos birregionais frente aos desafios da ordem global e os trâmites institucionais para a ratificação de acordos comerciais. Foram também discutidas as preocupações em torno de eventuais impactos sobre setores produtivos específicos, destacando a importância de mecanismos de compensação e salvaguardas. A conjuntura política interna das duas regiões e os valores comuns foram apontados como fatores determinantes para o avanço do acordo.

A delegação também reuniu-se com a Comissão de Assuntos Externos (AFET), sob coordenação do Relator Permanente para o MERCOSUL, Eurodeputado Francisco José Millán Mon (PPE). O diálogo reiterou o compromisso mútuo com o avanço do processo de ratificação, ancorado no respeito aos direitos humanos, na proteção ambiental e no fortalecimento das instituições democráticas.

Parlamentares do MERCOSUL realizaram encontros com representantes dos principais grupos políticos europeus. Durante a reunião com os grupos Os Verdes/Aliança Livre Europeia (Verdes/ALE) e a Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde (GUE/NGL), foram levantadas diversas críticas quanto ao conteúdo, à transparência e à arquitetura do acordo. Embora existam setores que reconheçam potencialidades, prevaleceu o entendimento de que o processo de integração requer revisão, aprimoramento e maior participação democrática.

Já no encontro com a Aliança Progressista de Socialistas e Democratas (S&D), a Eurodeputada Leire Pajín expressou otimismo quanto à votação do acordo até outubro ou novembro. Ela o qualificou como um instrumento inovador por transcender os moldes tradicionais de tratados comerciais, incorporando cláusulas de proteção ambiental, direitos trabalhistas, equidade de gênero e compromisso com o multilateralismo.

O Presidente do PARLASUL, Arlindo Chinaglia, destacou a convergência inédita entre as diversas forças políticas do Parlamento do MERCOSUL quanto à urgência da ratificação do Acordo MERCOSUL–UE. Ressaltou que, apesar das divergências ideológicas, o entendimento comum é de que o acordo representa uma oportunidade histórica para concluir um processo iniciado há mais de 25 anos.

Nesse sentido, o Parlamentar Daniel Caggiani (Uruguai) ponderou que, embora existam ressalvas, “não há acordos perfeitos — há acordos possíveis”. O Eurodeputado Javi López acrescentou que a parceria estratégica com a América Latina, especialmente com o MERCOSUL, deve ser aprofundada, dada a afinidade de princípios entre os blocos.

A Parlamentar Cecilia Nicolini (Argentina) observou que cláusulas ambientais antes vistas com reserva agora representam salvaguardas mínimas diante do retrocesso climático em seu país. Ela apelou por uma cooperação mais robusta, com financiamento real para infraestrutura e políticas públicas, e não apenas consultorias.

Por fim, os parlamentares do MERCOSUL também expressaram preocupações quanto ao enfraquecimento da democracia na região. A Parlamentar Lilia Puig alertou para “a degradação institucional na Argentina, que começou em 1989". Franco Metaza reforçou que o capítulo político do acordo não deve ser secundarizado em relação ao comercial. O Parlamentar Derlis Maidana (Paraguai) conclamou à “revolução do respeito”, sublinhando que a preservação democrática deve ser o eixo central das relações entre os dois blocos.


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