Agência PARLASUL (21/09/2024). Com o apoio do Congresso Nacional Paraguaio, o Parlamento do MERCOSUL organizou no sábado, 21 de setembro, a Primeira Edição do Fórum de Mulheres Parlamentares do MERCOSUL (PARLASUL), com a participação de mais de 400 mulheres paraguaias, onde foi destacada a necessidade de maior igualdade de gênero e a construção de democracias inclusivas, ressaltando a importância da autonomia econômica e política.
A abertura oficial do evento foi marcada pelas palavras de boas-vindas da Parlamentar Lilian Samaniego (Paraguai), anfitriã do Fórum, que exortou a "construir uma visão regional integrada (...) para alcançar democracias mais representativas e igualitárias". Da mesma forma, a Presidenta do PARLASUL, Fabiana Martín (Argentina), sublinhou que “devemos nos apoiar, independentemente das diferenças ideológicas. Somos maravilhosamente diferentes e devemos nos respeitar por isso, e é através do consenso e do diálogo que crescemos”.
Por sua vez, o Vice-presidente do PARLASUL pelo Paraguai, Derlis Maidana, indicou que “devemos remover obstáculos para garantir plena igualdade entre homens e mulheres”; enquanto o Presidente do Congresso Nacional do Paraguai, Basilio Núñez, advertiu que “em todo o mundo deve haver igualdade entre homens e mulheres. Isso melhorará a situação de todos na sociedade, não por imposições, mas por meio do diálogo”.
Participação Política das Mulheres e Igualdade de Oportunidades no Sistema Eleitoral
No início da primeira mesa, a Senadora paraguaia Yolanda Paredes refletiu sobre a “grande oportunidade para compartilhar esperanças, sonhos e metas. Avançamos em conquistar realizações”. Dando sequência, a Parlamentar Lilia Puig (Argentina) explicou que “é muito importante entendermos que as cotas e a paridade não são por si só a solução, são um caminho para ela (...) a cota é um caminho para a paridade”.
Em seguida, a Parlamentar Celeste Amarilla (Paraguai) afirmou que “o problema para as mulheres é a igualdade de oportunidades para acessar a política, e o primeiro obstáculo que enfrentamos para que entrem nas listas é o econômico”. Da mesma forma, a Parlamentar Victoria Donda (Argentina) apontou que “é utópico pensar que na região mais desigual conseguiremos igualdade sem também falar de igualdade econômica. Se na política só chegam mulheres ricas e com educação, também não haverá representação igualitária”.
Por sua parte, a Parlamentar Blanca Ovelar (Paraguai) alertou que “essa luta continua, e muitas mulheres ainda acessam pequenos espaços de poder, muito limitados”. Ela questionou: "Por que temos que oferecer algo diferente? Por que o mundo controlado por homens tem uma altíssima concentração de poder, que continua crescendo?". Por fim, a Parlamentar Clotilde Padilla (Bolívia) denunciou que em seu país “as mulheres são sempre vulnerabilizadas, nunca somos titulares nas listas, sempre nos colocam como suplentes, não temos uma lei verdadeira, o poder judiciário não é mais independente”.
Cabe destacar que de forma virtual participaram as Parlamentares Greyce Elías (Brasil), Parlamentar do MERCOSUL; Cristina Reyes (Equador), Ex-Presidenta do Parlandino; e Tatiana Sakhrova (Rússia), membro do Conselho do Fórum Euroasiático de Mulheres, que concordaram em defender maior liderança feminina, superação de barreiras estruturais e culturais, unidade das mulheres e luta contra a violência de gênero como eixos fundamentais para alcançar uma verdadeira igualdade.
Empoderamento e Independência Econômica
A segunda mesa de debate foi moderada pela Parlamentar Noelia Cabrera (Paraguai), quem agradeceu e destacou o apoio logístico e a participação masculina no Fórum. A Parlamentar Marina Femenía (Argentina) iniciou sua apresentação declarando que “devemos habilitar esses espaços de discussão. Existem políticas trabalhistas inadequadas que não conciliam a vida pessoal e o trabalho. Precisamos de mais Estado, não menos Estado, empregos formais, não mais informalidade”.
Por sua vez, a Magistrada Elodia Almirón (Paraguai) destacou que “produzir cientificamente também implica acesso a recursos econômicos, e o acesso a recursos também implica acesso à educação”. Enquanto a Parlamentar Leydi Veizaga (Bolívia) revelou a pouca presença de mulheres indígenas na política, “o papel da mulher na comunidade Weenhayek é fundamental. O cuidado da família e do lar também tira tempo delas para participar da política, e sua presença em alguns espaços tem sido importante, mas isso por si só não garante nada”.
Da mesma forma, a Parlamentar Esperanza Martínez (Paraguai) falou sobre “a autonomia pela qual temos lutado também é cultural. É muito importante entender que a luta pela autonomia é uma luta intergeracional, as que vieram antes de nós abriram grandes caminhos”.
Dessa forma, foi concluído o Fórum de Mulheres Parlamentares do MERCOSUL, onde as participantes concordaram sobre a importância de garantir a autonomia das mulheres, tanto no campo econômico quanto político. Também concluíram a necessidade de políticas trabalhistas e educacionais inclusivas que reconheçam a diversidade das mulheres, o empoderamento como uma conquista coletiva, a participação das mulheres indígenas na política e a urgência de transformar o acesso a recursos econômicos e oportunidades formais.
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