Agência PARLASUL (27/05/2024). Nesta segunda-feira, 27 de maio, no contexto da XCIII Sessão Plenária do Parlamento do MERCOSUL, foi realizado em sua sede em Montevidéu o Seminário "Desafios das Mudanças Climáticas para os países do MERCOSUL". A atividade destacou a necessidade de uma ação conjunta e coordenada entre os países membros para enfrentar os desafios ambientais.
Durante a abertura do evento, o Parlamentar Raul Bittel (Argentina) enfatizou a urgência de tomar medidas concretas para combater as mudanças climáticas. "Este primeiro seminário sobre mudança climática nos permite visualizar a problemática no sul do Brasil e destaca a necessidade de que acadêmicos, empresários e o setor político influenciem com políticas públicas fortes para dar respostas imediatas a esta crise", afirmou Bittel.
A Parlamentar Cecilia Nicolini, Ex-secretária de Mudança Climática da Argentina, destacou que "o mais interessante é abrir espaço para que todos participem e repensem a transformação de um modelo econômico insustentável. Não podemos continuar produzindo e consumindo como há cinco ou dez anos; precisamos de uma mudança total com alcance regional e global, por isso é tão importante discuti-lo no PARLASUL. Além disso, as mulheres, especialmente rurais e indígenas, são as mais afetadas pela crise climática, pois dedicam mais tempo a trazer alimento para suas casas e menos ao seu desenvolvimento profissional."
Por sua vez, o Parlamentar argentino da Província de Tucumán, Mariano Fernández, destacou que o financiamento deve chegar aos territórios para impactar aqueles que vivem nas províncias. "Os estados subnacionais conhecem o problema e têm ideias de soluções. É aqui que devemos começar para que essas soluções depois escalem para o nível global", afirmou Fernández.
Como complemento, a Parlamentar Susana Peralta, por Catamarca, destacou a importância de medidas como a lei de medição da pegada de carbono em sua província, que obriga as empresas a medir e mitigar seu impacto ambiental.
O seminário abordou diversos aspectos-chave: Energia e Sustentabilidade, onde foram avaliadas as energias renováveis para reduzir a dependência de combustíveis fósseis; Agricultura e Segurança Alimentar, focando em práticas sustentáveis e estratégias frente às mudanças climáticas; Impactos Socioeconômicos, analisando como as mudanças climáticas afetam as economias regionais e medidas para proteger comunidades vulneráveis. Também foram discutidas Políticas Públicas e Cooperação Regional, destacando a importância da colaboração entre países do MERCOSUL e a implementação de políticas eficazes para enfrentar desafios climáticos.
O seminário concluiu com a participação do Parlamentar Humberto Costa (Brasil), que destacou a implementação de políticas ambientais no Brasil e os avanços na redução do desmatamento. No entanto, ele denunciou a existência de propostas legislativas que buscam enfraquecer os controles ambientais, conhecidas como o "pacote da destruição". Costa enfatizou a importância de uma ação conjunta e pediu o apoio do PARLASUL para enfrentar essas ameaças, destacando a influência das mudanças climáticas em toda a América do Sul.
Por fim, em seu encerramento, a Presidenta do PARLASUL, Fabiana Martín, agradeceu aos Parlamentares por seu compromisso e destacou a importância de coordenar esforços diante da recente catástrofe climática. Ela ressaltou que as mudanças climáticas afetam todas as formas de vida e chamou para um compromisso firme com os habitantes do planeta. Finalmente, reafirmou seu apoio às iniciativas e a necessidade de trabalhar juntos para enfrentar esses desafios.
Painel de Especialistas
Os painelistas discutiram temas-chave como a mitigação de emissões de gases de efeito estufa, a adaptação aos efeitos adversos das mudanças climáticas e a importância de políticas públicas sustentáveis. Vale ressaltar que o evento também contou com a participação de representantes de organizações internacionais e ONGs que compartilharam suas experiências e melhores práticas na luta contra as mudanças climáticas.
A Dra. Carolina Vera, professora emérita da Universidade de Buenos Aires e pesquisadora, destacou a importância de fortalecer sistemas de alerta e planos de contingência, bem como ações de mitigação para reduzir os gases de efeito estufa. Além disso, ela enfatizou a melhoria das condições socioeconômicas e territoriais para reduzir a vulnerabilidade diante de eventos climáticos extremos.
Por sua vez, Luis Romero, geógrafo formado pela Universidade Nacional do Nordeste da Província do Chaco, levantou três grandes questões sobre o desastre no Brasil: o apelo a uma ação ambiental integral e coletiva, os desafios para a política ambiental diante de um clima mais extremo e a necessidade de repensar o desenvolvimento territorial. Ele destacou a importância de não limitar a análise à periculosidade climática, mas também considerar como nos desenvolvemos nos contextos geográficos afetados. Ele enfatizou a importância de políticas públicas abrangentes e transversais para enfrentar as mudanças climáticas e seus impactos.
Também Gonzalo Basile, epidemiologista e cientista social, ampliou sobre as interseções críticas entre mudanças climáticas e saúde, abordando os impactos em doenças e condições de vida. Ele destacou a complexidade dessas interações em desastres socioambientais.
Por último, Rodrigo Rodríguez Torquinst, Diretor Executivo da Fundação Revolução 21 e professor da Universidade Nacional de San Martín, da Universidade Católica Argentina e do Instituto Tecnológico de Buenos Aires, enfatizou a necessidade de se preparar para situações que já estão ocorrendo e que vão além das mudanças climáticas, defendendo uma narrativa de mudança ambiental global. Ele propôs a integração da transversalidade na política ambiental e a adoção de uma nova perspectiva que considere o risco financeiro e a garantia de serviços ecossistêmicos.