Agência PARLASUL (28/09/2022). A Comissão de Cidadania e Direitos Humanos do Parlamento do MERCOSUL (PARLASUL) realizou nesta quarta-feira, 28 de setembro, audiência pública para tratar do tema da violência política na região.
A Presidente da Comissão de Direitos Humanos, a Parlamentar argentina Elena Corregido, deu as boas-vindas aos participantes da Audiência Pública e, em seguida, destacou que "esta Audiência Pública do PARLASUL se deve ao atentado contra nossa Vice-Presidente Cristina Fernández de Kirchner, que vem suportando uma sucessão de atos violentos ao longo desses anos de setores políticos assim como todos aqueles que pertencem ao campo nacional, popular e que validam os direitos do povo".
A primeira participante da Audiência Pública, pesquisadora da Universidade de Buenos Aires, socióloga, historiadora e educadora argentina, Dora Beatriz Barrancos,ressaltou que o incidente ocorrido contra a vice-presidente Cristina Fernández de Kirchner "foi uma tentativa de assassinato vinculada estritamente a concepções sobre a integralidade da violência gerada pelo patriarcado que tem extensa vocação política".
Em seguida, Paola Pabón, Prefeita da Província de Pichincha, Equador, expressou que a violência de gênero é um problema regional. "Em nosso país enfrentamos o feminicídio da advogada María Belén Bernal e isso abalou as estruturas da institucionalidade equatoriana. Esses fatos nos fazem refletir sobre o patriarcado e sua violência política contra as mulheres. Pessoalmente, fui vítima da judicialização da política. Um fenômeno ligado ao avanço de governos progressistas na região", concluiu Pabón.
A judicialização da violência política atrelada às ações dos meios de comunicação foi tratada pela psicóloga e jornalista feminista argentina Liliana Hendel. Segundo ela, "temos claro que há uma estatística que não chega à mídia e à polícia, que é o que faz nossos corações ficarem paralisados. Devemos estar cientes do que significa ser mulher e o que é a misoginia e o machismo em nossos países. O discurso de ódio permite ações de ódio."
Em seguida, Rocco Carbone, filósofo italiano sobre cultura, discursos, processos políticos e culturais na América Latina, assegurou que "o ódio é um sentimento humano que faz parte da percepção individual, mas essa categoria tem clivagens políticas. O ódio conservador e reacionário sempre leva a uma vontade aniquiladora e de desaparecimento. Não se trata de um ódio simétrico com o da emancipação".
Por fim, a Parlamentar Elena Corregido encerrou a Audiência Pública para tratar da questão da violência política na região, enfatizando que "assumimos o compromisso de continuar e temos em mente que devemos construir um sentido comum trabalhando juntos".