Declarado de interesse regional o 33° Encontro Nacional de Mulheres na Argentina

Agência PARLASUL (09/10/2018). Na LVIII Sessão Plenária, o Parlamento do MERCOSUL declarou de interesse regional o 33° Encontro Nacional de Mulheres (ENM), como espaço para a construção e a criação coletiva com mulheres de distintos países da América Latina. Este ano se realizará nos dias 13, 14 e 15 de outubro, em Trelew, Província de Chubut, República Argentina, e pela primeira vez participarão mulheres patagônicas.

Durante mais de três décadas de encontros nacionais, gerenciados de forma autônoma, plural, horizontal e democrática, mulheres da República Argentina se organizam para participar nas atividades. Também, durante o encontro se geram rodadas de diálogo, agendas artísticas e culturais, vivências no espaço público, espaços para o fomento da economia popular, o Movimento “Nem Uma a Menos”, e se busca visibilizar em várias cidades as diversas formas de desigualdade, opressão e violência.

Entre alguns dos temas debatidos, desde uma perspectiva feminina, se encontram: Família; Educação; Deficiências; Desocupação; Aborto Legal; HIV/AIDS; Femicídios; Aceso à justiça; Trata de pessoas, exploração; Prostituição; Organizações sindicais; Povos originários; Âmbito rural; Partidos políticos; Ciência e tecnologia; Cultura e arte; Meios de comunicação; Religiões e outros temas.

Cabe assinalar que na elaboração do documento final, as conclusões permitirão multiplicar os debates em cada espaço institucional, sindical, partidário, e na sociedade em seu conjunto. Estes encontros, debates e suas conclusões têm conseguido vitórias históricas como a Lei de Cotas Femininas, a Lei de Violência de Gênero, a criação dos Programas de Saúde Sexual e Procriação Responsável, Lei de Matrimonio Igualitário e a incorporação da Convenção da Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a Mulher na Constituição Nacional Argentina; a Lei de Paridade Política, entre outras.

Atualmente este movimento de mulheres argentinas, estudantes, aposentadas, donas de casa, profissionais, cooperativistas, mulheres rurais, mulheres trans e mulheres originárias, concebem debates na busca de uma igualdade efetiva; onde a arte, a cultura e a comunicação sejam ferramentas que gerem incidência política e consigam fortalecer a luta pela equidade que numerosas organizações, através da diversidade para a construção de um futuro melhor.

I Congresso de estudos de gênero e cuidados: “olhares latino-americanos ao cuidado”

Da mesma forma, na Sessão Plenária de setembro o PARLASUL declarou de interesse parlamentar o “Primeiro Congresso latino-americano de estudos de gênero e cuidados: olhares latino-americanos ao cuidado”, a realizar-se entre os dias 5, 6 e 7 de novembro deste ano, em Montevidéu, Uruguai, com o propósito de começar a construir uma Rede latino-americana de Estudos sobre Gênero e Cuidados.

Este encontro organizado pelo Grupo de Investigação de Sociologia de Gênero, do Departamento de Sociologia da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade da República, onde participarão Parlamentares do MERCOSUL, para refletir sobre as mudanças nas sociedades latino-americanas nos últimos anos, a respeito da participação feminina no mercado de trabalho, o processo de envelhecimento e as transformações familiares.

Neste Congresso se debaterão temas como: novos conceitos como o da organização social do cuidado; estudos sobre a configuração da demanda e a oferta de cuidados; investigações sobre os vínculos entre migrações femininas e cuidados; analises sobre políticas públicas; estudos sobre praticas de cuidado em distintas gerações; pesquisas sobre representações sociais do cuidado; entre outros.

A Parlamentar argentina Cecilia Merchán, como relatora destas duas Declarações, definiu o Encontro de Mulheres na Argentina como um “exemplo de instalação de debate e políticas públicas em nosso país (Argentina), que também impactam na região”. Também argumentou sobre a importância do estudo de gênero e cuidados desde uma perspectiva econômica e social, destacando que “9 de cada 10 mulheres na nossa região realiza tarefas domésticas e 4 de cada 10 homens nunca fizeram qualquer tarefa doméstica, mesmo estando desocupados (…) porque com a precarização do trabalho se ampliam as margens da pobreza, se acrescenta a feminização da pobreza (…) por isso celebramos que no Uruguai se conte com uma política pública dos cuidados”.

Leia a Declaração aqui