(Agência PARLASUL / 06-04-2017). Na passada Plenária, os Parlamentares do MERCOSUL aprovaram uma Proposta de declaração pela qual o PARLASUL declara sua preocupação e rejeita as intenções do governo argentino de avançar na integração com a Aliança do Pacífico e no Acordo Transpacífico, devido ao impacto negativo que sua implementação trairia à indústria regional e no comércio intrabloco MERCOSUL.
De um lado, a Parlamentar Ana María Corradi, relatora do projeto, assinalou que os blocos tem objetivos totalmente diferentes, argumentando que “a Aliança do Pacífico concentra sua lógica de inserção internacional em um livre mercado, em uma abertura nas importações e em uma eliminação das tarifas externas. Nós sabemos os prejuízos que produzem essas medidas à indústria nacional”. Corradi finalizou dizendo que se deve priorizar o desenvolvimento do bloco, e não se opõe à alianças comerciais que beneficiem ao MERCOSUL.
O Parlamentar Agustín Rossi argumentou que na Argentina “nunca fomos, como espaço político, partidários dos tratados de livre comércio, porque Argentina tem uma indústria que protege e nenhum país que tenha se desenvolvido como país industrial se desenvolveu sem a possibilidade de ter níveis de proteção de sua própria indústria". Rossi apontou que os Tratados de Livre Comércio com países desenvolvidos debilita os processos industriais do interior dos países com desenvolvimento industrial incipiente.
Por outro lado, o Parlamentar Gabriel Fidel discordou do projeto explicando que existem instituições que avalam a integração e o comércio inter-regional, como é a ALADI e outros países que já tem acordos com o MERCOSUL, como Chile e México. “O comércio intrarregional do MERCOSUL nos últimos seis anos diminuiu de 20% a 13% (…) e não há nenhuma declaração do Presidente da Argentina Mauricio Macri contra o MERCOSUL”, apontou o Parlamentar Gabriel Fidel.
Da mesma forma, o Parlamentar Humberto Benedetto expôs que esse projeto é um atraso porque recrimina o Presidente Argentino enquanto deveria recriminar também os demais países do bloco, posto que continuam comercializando com outros países do norte. “Argentina é um país que pode alimentar a 400 milhões de habitantes, mas para poder vender tem que poder comprar. Este projeto atrasa como atrasou toda a ideologia que quiseram impor à Argentina, nos levando a um isolamento do mundo”.
Comércio MERCOSUL-Aliança do Pacífico
De acordo com o recente relatório publicado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento, intitulado “Os Futuros do MERCOSUL”, todos os membros do MERCOSUL e da Aliança do Pacífico assinaram acordos no marco da ALADI com o objetivo de aproximar os laços comerciais. Uma parte importante do intercâmbio efetivamente realizado entre os países de ambos blocos (entre 60% e 70%) já goza de importantes preferências comerciais. Enquanto outra boa parte restante (entre 17% e 27%) completaria seu processo de redução de tarifas nos próximos três anos, e também se beneficiaria de preferências fixas ou cotas de tarifas externas. Segundo Gustavo Beliz, Diretor do Instituto INTAL-BID, “não se trata então de começar do zero se não de redirecionar a trilha transitada. Mas é necessário, de fato, recorrer o caminho que falta”.
Na perspectiva da cidadania, a última pesquisa exclusiva de INTAL-Latinobarómetro aponta que 81% dos cidadãos do MERCOSUL está de acordo com a integração econômica na região, inclusive superam os 74% dos habitantes dos países membros da Aliança do Pacífico, “uma porcentagem também muito elevada”, de acordo com Beliz.
Gráfico 1: Evolução do intercâmbio comercial da Aliança do Pacífico com o MERCOSUL Gráfico 2: Principais fluxos comerciais bilaterais AP-MERCOSUL. Exportações. Ano 2015 Participação em %
Gráfico 3: Principais fluxos comerciais bilaterais AP-MERCOSUL. Importações. Ano 2015 Participação em %
Fonte gráficos: BID-INTAL