Agência PARLASUL (19/05/2025). Em agenda oficial realizada nesta segunda-feira (19), o Presidente do Parlamento do MERCOSUL (PARLASUL), Arlindo Chinaglia, reuniu-se com representantes da International Chamber of Commerce Brasil (ICC Brasil) para debater as negociações comerciais do MERCOSUL com terceiros mercados, com destaque para o Acordo MERCOSUL–União Europeia.
A ICC Brasil, criada em 2014, tem como missão ampliar a voz da comunidade empresarial brasileira junto a governos e organismos internacionais, como a ONU, a OMC e o G20, promovendo políticas que favoreçam o desenvolvimento econômico, a inovação e a sustentabilidade. Com cerca de 200 associados, entre empresas, instituições financeiras e escritórios de advocacia, a entidade coordena nove comissões temáticas dedicadas ao comércio internacional e representa, no âmbito nacional, as diretrizes da ICC global.
Durante o encontro, o Presidente Arlindo Chinaglia destacou a importância de que o comércio internacional esteja sustentado por políticas que fortaleçam o setor produtivo da região. “O Acordo MERCOSUL–União Europeia pode representar uma oportunidade, desde que venha acompanhado de uma estratégia nacional robusta. Não se trata de aceitar o acordo passivamente, mas de integrá-lo a uma política industrial que fortaleça setores estratégicos, aumente o conteúdo local com inovação e tecnologia, e amplie nossa inserção em cadeias globais de valor.”
Chinaglia também ressaltou o papel essencial da cooperação empresarial, afirmando que “o acesso ampliado a insumos, tecnologias e parcerias empresariais com países europeus pode acelerar esse processo, desde que vinculado a mecanismos de proteção da inovação nacional, apoio a centros de pesquisa aplicados à indústria e estímulo à cooperação empresarial.” E acrescentou: “O Acordo não pode ser um ato isolado de liberalização: precisa ser um instrumento de transformação produtiva com soberania, justiça social, geração de empregos e inserção estratégica do MERCOSUL no cenário global.”
Nesse contexto, o Acordo MERCOSUL–União Europeia cria uma das maiores zonas de livre comércio do mundo, abrangendo 718 milhões de pessoas e um PIB combinado de 22,3 trilhões de dólares. Em 2024, a UE foi o segundo principal parceiro comercial do MERCOSUL, com destaque para o Brasil, que registrou um comércio bilateral de 95,5 bilhões de dólares. As exportações do bloco se concentram em produtos agroindustriais, enquanto as importações provêm principalmente de máquinas, veículos e produtos farmacêuticos.
Até 2044, projeta-se um aumento de R$ 37 bilhões no PIB brasileiro, R$ 52,1 bilhões em exportações adicionais e ganhos em setores como carnes (+227%), alimentos (+70%), produtos químicos (+37%) e calçados (+62%). Por outro lado, indústrias como veículos e eletrônicos poderão ser impactadas, exigindo políticas de transição, inovação e cronogramas graduais de desoneração tarifária de até 30 anos.
A reunião integra a agenda de articulação do PARLASUL com instituições estratégicas e reforça o compromisso do Parlamento com o fortalecimento da integração econômica regional, pautada em princípios de comércio justo, desenvolvimento sustentável e inovação. “Nosso compromisso é que o Congresso Nacional brasileiro, e em particular o Parlamento do MERCOSUL, acompanhe de forma ativa o andamento do processo no outro lado do Atlântico e esteja preparado para um debate informado, com base na realidade concreta dos dois blocos”, concluiu Chinaglia.
Por fim, o Presidente do PARLASUL enfatizou a importância de garantir que os benefícios do acordo cheguem a todos os setores produtivos e aos trabalhadores: “É preciso garantir que as pequenas e médias empresas também possam se beneficiar dessa abertura comercial.”