Agência PARLASUL (16/05/2025). No marco de sua 100ª Sessão Ordinária, realizada em Montevidéu, o Parlamento do MERCOSUL (PARLASUL) aprovou uma declaração sobre a crise humanitária na República Democrática do Congo (RDC).
O texto aprovado reconhece a gravidade da crise humanitária que atinge o Congo, especialmente em sua região oriental, marcada por deslocamentos em massa, conflitos armados e violações de direitos humanos. De acordo com dados atualizados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), mais de 6,9 milhões de pessoas estão deslocadas internamente, configurando uma das maiores crises de deslocamento do mundo. Somente neste ano, mais de 250 mil pessoas foram forçadas a fugir da província de Kivu do Norte devido à intensificação dos combates.
A declaração faz referência ao papel da Missão de Estabilização das Nações Unidas na República Democrática do Congo (MONUSCO), atualmente sob liderança brasileira, por meio do tenente-general Ulisses de Mesquita Gomes, comandante das forças. Entre os fatores que motivaram a aprovação da iniciativa estão os recentes ataques armados contra tropas humanitárias das Nações Unidas, que resultaram na morte de soldados da paz da MONUSCO, incluindo o soldado uruguaio Rodolfo Álvarez, bem como ferimentos em outros quatro integrantes do contingente da República Oriental do Uruguai naquele país.
A iniciativa reflete o compromisso do bloco com a defesa dos direitos humanos, da paz internacional e da autodeterminação dos povos, reafirmando sua vocação de atuação diante de situações que afetam a ordem global. O PARLASUL destaca a necessidade de reforçar as ações internacionais, com ênfase no papel das missões da ONU, na assistência humanitária e na cooperação internacional para a reconstrução social e econômica do país.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) alertou recentemente para o agravamento crítico da situação humanitária, com hospitais em colapso, escassez severa de alimentos, crianças separadas de suas famílias e comunidades sem acesso à água potável. Além disso, a ONU reiterou o apelo para garantir a proteção da população civil e mobilizar recursos internacionais para responder a esta emergência prolongada, em um contexto agravado pela instabilidade política e pela disputa por recursos naturais.
O projeto, apresentado pelos parlamentares Conrado Rodríguez (Uruguai), Arlindo Chinaglia (Brasil) e Gabriel Fuks (Argentina), reafirma os princípios do Protocolo Constitutivo do PARLASUL e o compromisso do bloco com os direitos humanos, a solidariedade regional e a paz, sublinhando a urgência de intensificar as ações internacionais, apoiar as missões de paz da ONU, ampliar a assistência humanitária e promover a cooperação para a reconstrução do país.